Comemorado em 12 de junho, o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita vem ganhando mais expressão a cada ano devido à importância que a data tem para a sociedade em geral. No Brasil, cerca de 50% dos pacientes não são submetidos ao tratamento adequado destas anomalias por falta de diagnóstico ou de acesso a um centro capaz de realizar o tratamento.

Com a melhora do cuidado no período perinatal, das doenças infecto- parasitárias e medidas preventivas contra a desnutrição infantil, as anomalias congênitas passaram a ser a segunda principal causa de mortalidade infantil, ficando atrás da prematuridade apenas.

Dentre estas anomalias, as mais comuns, e de maior mortalidade, são as congênitas do aparelho cardiocirculatório: cerca de 8 a 10 / 1000 nascidos vivos são comprometidos por algum tipo delas. Aproximadamente, 20 % dos casos acabam tendo resolução espontânea ou apresentam pequeno grau de comprometimento hemodinâmico, ou seja, com pouca repercussão clínica, poucos e sintomas bem tolerados.

No Estado do Rio de Janeiro, duas mil crianças nascem, todos os anos, com algum tipo de cardiopatia. Dessas, 40 % necessitarão de intervenção ainda no primeiro ano de vida.

A melhora do cuidado da criança cardiopata impacta diretamente na diminuição da mortalidade infantil. Por isso, a importância do diagnóstico precoce. O eco fetal durante a gestação e o teste da oximetria são exames não invasivos e que podem identificar precocemente as cardiopatias congênitas

A comunicação interventricular, na qual a criança apresenta aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e sintomas de insuficiência cardíaca, é cardiopatia congênita mais comum. Dentre as cianóticas, a de maior incidência Tetralogia de Fallot.

Algumas cardiopatias necessitam de tratamento cirúrgico ainda no período neonatal, com destaque para a transposição dos grandes vasos e a hipoplasia do coração esquerdo. Nestes casos, se não tratados no período adequado, a mortalidade chega a mais de 90% ainda no primeiro ano de vida.

Com os avanços no cuidado atual, cerca de 85% dos pacientes com cardiopatia congênita chegam a vida adulta, por volta dos 40 anos de idade.

O tratamento cirúrgico pode ser corretivo, mas em alguns casos a correção é impossível. Nestas situações, realizam-se as chamadas cirurgias paliativas, com o intuito de melhora dos sintomas, mas mantendo uma anatomia cardíaca alterada. Alguns pacientes necessitam de três ou mais cirurgias estagiadas ao longo da vida para completarem o tratamento.

Assim como nos adultos, a criança em estágio avançado de insuficiência cardíaca pode ser candidata a transplante cardíaco. Em casos de suspeição clínica de cardiopatia congênita, deve- se procurar imediatamente um cardiologista pediátrico e, sempre que necessário qualquer intervenção, é importante que esta seja realizada por equipe e centro especializados nesta área.

Dr. Andrey Monteiro é cirurgião cardíaco pediátrico da Pro Criança Cardíaca e Presidente do Departamento de Cirurgia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.