JORNAL O DIA
Por Maria Clara Matturo

Após 23 anos de funcionamento, dando um show de inovação, a Instituição Pró Criança Cardíaca é a primeira ONG a adotar um modelo de administração humanizado. Tendo as pessoas como o centro da tomada de decisões, a instituição espera impactar a vida de todos os envolvidos no projeto, desde a família das crianças atendidas até os fornecedores, baseando-se em três pilares: sustentabilidade, governança e impacto social.

O novo conceito de organização, chamado de ‘governança humanizada’, propõe um olhar carinhoso para todos que fazem parte do todo. “Ainda existe um entendimento de que você não consegue prosperar enquanto trabalha com uma cultura de alegria e bem estar para os colaboradores, e isso é um mito. É mais vantajoso, empresas humanizadas têm lucro muito superior ao daquelas que não praticam essa abordagem. O capitalismo consciente trata exatamente desses fatores com propósito maior, a orientação para as pessoas. Você olha para fornecedores, parceiros e funcionários com um olhar humanizado de carinho. Ele abrange todos que estão envolvidos com a empresa, até os acionistas”, explicou Luana Lourenço, criadora do conceito, que está implementando a novidade na Instituição Pró Criança Cardíaca.

A ONG funciona exclusivamente por meio das doações, e cuida de crianças com problemas cardíacos. Todos os cuidados, desde o ambulatório até as cirurgias e medicamentos, são oferecidos gratuitamente pela instituição, que recebe os pacientes por meio do SUS. A diretora executiva, Mitzy Cremona, contou que tem vivido uma experiência totalmente nova, mesmo trabalhando na organização há 12 anos: “fico até emocionada de falar. Tem sido uma surpresa muito positiva, não imaginava como seria o retorno dos colaboradores e dos parceiros. Fazemos uma reunião para decidir as novas políticas das empresas, por exemplo, onde todo mundo senta junto, todas as hierarquias da instituição. Nós já éramos bastante humanizados no cuidado com as famílias, agora também cuidamos dos colaboradores”.

Mãos à obra

Para aqueles que desejam implementar uma administração mais leve no ambiente de trabalho, a consultora Luana Lourenço orienta: “o primeiro passo é o autoconhecimento. Você não consegue explorar o que há de melhor nas pessoas sem conhecer a si mesmo, e melhorar o relacionamento com a natureza também nos devolve o espírito humano. Pode parecer filosófico, mas quando vemos as pesquisas, conseguimos perceber de forma sustentável o resultado das empresas. Governança humanizada são as políticas da empresa, a cultura organizacional, o propósito, a visão. Tudo isso precisa ser visitado e ressignificado”.