Quem é você? Foi a primeira pergunta feita por Mateus Pimentel aos participantes do 8º Ciclo de Humanização do Pro Criança Cardíaca, no dia 6 de abril, com o tema Análise de perfil comportamental através do método DISC. A pergunta é complexa quando Mateus explica que o que somos não é o que fazemos, nem o que temos.

“Eu NÃO sou um engenheiro, eu NÃO sou dono de um carro, de um apartamento, eu SOU filho da Tânia, SOU um cara amigo, que trabalha por propósitos interessantes, esse SOU eu. Depois que eu souber exatamente quem sou eu, eu parto para o “fazer”. eu FAÇO uma faculdade, eu FAÇO o meu trabalho, eu FAÇO um projeto social. Aí, sim, através do dinheiro que eu recebo pelo meu trabalho, eu vou TER recursos para comprar: um carro, fazer uma viagem, doações para organizações da sociedade”, explica ele, que é palestrante e analista de perfis comportamentais, Coach Integral Sistêmico, cocriador do projeto social Meu Gênio, engenheiro, Gerente de Operações do Hospital Pediátrico Pro Criança Jutta Batista e Diretor de Operações da Life Experience Village Blumenau.

Segundo Mateus, é essencial trilhar o caminho do autoconhecimento para a própria felicidade e consequente melhora dos resultados nos ambientes corporativos. “A pirâmide do comportamento humano precisa ter essa sequência, de baixo para cima: ser, fazer e ter. Quando essa pirâmide está invertida – “eu tenho que ter para ser”, “eu tenho que fazer para ser” – começamos a ter gastos de energia desnecessários, a nos confundir internamente”.

E completa: “somos seres biopsicossociais, formados pelo que herdamos dos nossos pais, pelo que aprendemos e pelo que vivemos. Se a nossa pirâmide não estiver coerente, nossa vida começa a ter ciclos viciosos, que podem ser bons ou ruins. Se hoje uma pessoa tem uma disfunção financeira, de relacionamentos no trabalho e na vida pessoal, de caráter, foi pelo que ela herdou, viveu e aprendeu. Se fosse diferente, essas disfunções não aconteceriam”.

A METODOLOGIA DISC

Mateus joga outras perguntas na tela: “em algum momento, você já disse ‘meu santo não bate com o dessa pessoa’, ou conhecia um casal que nunca brigava a vida inteira, mas que, do nada, se separou? Ou um pai ou uma mãe que não conseguem se comunicar com os filhos?”. Situações como essas, aparentemente inexplicáveis, são o motor para aprender sobre autoconhecimento, a partir da percepção dos mais diferentes perfis de pessoas, inclusive nós mesmos, do que é nossa essência e das adaptações que fazemos para sobreviver.

Para conduzir seu raciocínio, o coach apresenta a metodologia DISC que, em inglês, se refere aos quatro grandes perfis de comportamento previsíveis: Dominance (D), Influence (I), Steadiness (S) e Conscientiousness (C), formando a sigla que nomeia a teoria. A DISC foi criada pelo psicólogo WIlliam Moulton Marston (1893-1947).

Mateus explica O padrão dominante é o que comanda, mais assertivo, racional, é focado em resultado, mais impaciente; o influente é comunicativo, sociável, é mais disperso, informal, toma decisão pelo emocional, odeia rotina; o estável tem a ver equilíbrio, empatia e lealdade, não consegue trabalhar sob pressão, odeia confronto, tem tomada de decisão demorada e emocional; e o conforme é o perfil do detalhe, da minúcia, da ordem, é formal, a tomada de decisão é demorada e racional, precisa se trabalhar para ser menos perfeccionista. Cada padrão comportamental tem um valor único – motivações, contribuições para a equipe e para a organização – ou seja, não há um melhor do que outro.

As pessoas podem ter dois, três perfis numa escala de 0 a 100, sendo que se alguma passa de 50, ela é predominante na personalidade, considerada a parte “natural”, sendo que os demais perfis presentes são adaptações feitas ao longo da vida. O dominante é o oposto do estável e o influente é o oposto ao conforme, por exemplo. Quanto mais distante alguém estiver da sua parte natural, mais desgaste de energia vai ter, gerando desmotivação, tristeza e até depressão. É como criar um personagem para desempenhar um papel que não é o da pessoa.

Mas é possível desenvolver características “não naturais” para lidar com situações diversas da vida? De acordo com Mateus, sim, mas apenas circunstancialmente, para viver uma experiência em algum momento, seja por opção ou necessidade. “Um dominante pode se trabalhar para encarar um compromisso que, para ele, é extremamente maçante, mas não consegue desempenhar esse papel todos os dias, não consegue, por exemplo, permanecer subordinado a uma chefia que tenha um comportamento conforme. Ele vai criar uma chefia em paralelo para poder trabalhar no ritmo acelerado que acredita ser o melhor para a organização”.

Mateus deu uma verdadeira aula sobre as características gerais de cada perfil, suas motivações, pontos fortes e fracos. Ressaltou como a metodologia DISC tem ajudado as empresas. “O grupo Pão de Açúcar cresceu 20% ‘só’ porque remanejou de funções quatro pessoas do seu alto escalão, baseado na análise comportamental desses colaboradores. O autoconhecimento revoluciona uma vida e posso usar meu próprio exemplo: sou dominante e influente e, por dez anos, me forcei a funcionar no perfil conforme. Não sabia porque sempre estava insatisfeito. Depois que me conheci melhor, minha vida deu um salto”, concluiu.

O encontro “Análise de perfil comportamental através do método DISC” foi mediado por Luana Lourenço, CEO da Ocean Governança. Acesse pelo link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=hrIk2ZLcSbU

Indicações de leitura do palestrante:

As 5 linguagens do amor
Autor: Gary Chapman
Editora Mundo Cristão
Págs: 208

Decifre e influencie pessoas

Autores: Paulo Vieira e Deibson Silva
Editora Gente
Págs: 224

O poder da autorresponsabilidade

Autor: Paulo Vieira
Editora Gente
Págs: 160