Letícia costuma dizer que sua alma é salgada, tamanha é sua paixão pelo mar. Em casa, o marido, Raphael, e a sogra, Sueli, também gostam muito de curtir uma praia. Mas foi por acaso que o nome do filho único do casal tem origem havaiana: Kael, que significa amante da vida. Ela buscou, o marido gostou (mas será mesmo que o acaso existe?).

Carioca, moradora do bairro Recreio dos Bandeirantes, zona oeste da cidade, Letícia é formada em Serviço Social. Passou em todas as faculdades públicas do Rio de Janeiro, e em terceiro lugar na UFRJ. “A faculdade mudou minha vida, a universidade pública é sensacional, lugar de pluralidade, de muitas amizades, de transformação do pensar”, diz.

Colaboradora do Pro Criança Cardíaca desde 2015, Letícia Braga entrou pelo Departamento Administrativo pois não conseguiu vagas em sua profissão de origem. “Mesmo assim, tive a oportunidade de atuar um pouco na parte assistencial, responsável pelos números do Pro e em contato com o corpo médico, além de supervisionar os atendimentos na recepção”, conta.

“Saber com mais profundidade o perfil das famílias atendidas será muito importante para definição e ajustes de ações: faixa de renda, quantos membros as famílias têm, em média, tipo de religião predominante, se as crianças estão matriculadas na escola, se é privada ou pública, que tipo de transporte é usado para vir ao Pro Criança…O objetivo é conhecer um pouco da história deles para, também, identificar se existe algo que a instituição possa fazer: uma orientação de saúde, um encaminhamento psicológico, uma orientação previdenciária – se elas têm direito a benefícios do governo, ou mesmo oportunidades geradas pela sociedade civil”, destaca Letícia.

Depois de bater esse papo gostoso, partimos para o nosso ping-pong. Vamos ver o que ela nos revelou?

Qual seu filme favorito?
Não sou muito dos filmes, sou mais dos livros. Mas pensei em livros que viraram filmes (embora tenha achado os livros muito melhores do que as versões para o cinema). Gostei muito de “A menina que roubava livros” e “Extraordinário”. O primeiro me comoveu muito por se tratar do período do nazismo e também pelo encanto dela pela leitura. E o segundo traz uma mensagem forte a importância do pertencimento e o respeito às diferenças. O livro é maravilhoso, todo adolescente deveria ler.

Que comida faz você suspirar?
Chocolate branco. Troco tudo por doce. Também amo batata, qualquer prato com batata.

No seu tempo livre você gosta de….
Ficar com meu filho e ir à praia. Costumo dizer que minha alma é salgada, é onde sinto paz, fico muito bem, recarrego as baterias, principalmente na Prainha e em Grumari, que são paraísos na cidade.

Que pessoa você admira muito?
Admiro muito meus pais, mas quero homenagear minha avó materna, Maria, que morreu em 2008. Foi uma pessoa espetacular na minha vida, me passou o hábito de leitura, me deu muitos livros para ler, tinha inteligência ímpar, serenidade e tranquilidade, trocar ideia com ela era muito bom. Também era uma exímia contadora de histórias. Eu amava a companhia dela.

Que sonho seu já virou realidade?
Já realizei dois deles: cursar a UFRJ e formar minha família.

Que sonho quer realizar?
O maior deles é ver meu filho feliz, torná-lo um bom homem, consciente, nessa sociedade ainda muito machista em que vivemos. Tenho essa responsabilidade como mãe de menino.

O que você mais gosta em você?
Gosto muito do meu senso de justiça, sou muito curiosa, muito questionadora, isso me faz buscar saber sobre diversos assuntos e me traz adaptabilidade no contato com as pessoas. Se não conheço algo, vou atrás.

Que frase inspira sua vida?
Li essa frase há pouco tempo e está fazendo muita diferença para mim “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas” do filósofo Friedrich Nietzsche. Nesse momento de polarização absurda, é uma frase que ajuda a ter senso de equilíbrio. Tudo é uma constante mudança, vida é movimento, A “verdade” sempre parte da ótica de alguém, depende das vivências daquela pessoa. O que faz sentido para ela, pode não fazer para mim ou posso dar outra interpretação. Temos que estar abertos a escutar o outro.

Ajudar os outros é…
Essencial. É a possibilidade de fazer a diferença, de se colocar no lugar do outro. Falta esse exercício em todo mundo.

Trabalhar no Pro Criança…
É gratificante saber que nosso trabalho transforma as vidas das famílias, principalmente das crianças e adolescentes, dando-lhes a possibilidade de futuro. A rotina de trabalho é muito cansativa pra todo mundo, em qualquer lugar, mas aqui ela pode ser mais leve e mais feliz porque também defendemos uma causa.