Nos corredores acolhedores do Pro Criança Cardíaca, uma figura brilha como se fosse farol de esperança para crianças e famílias que enfrentam desafios de saúde. Lorena Brito, com 22 anos, não só recepciona calorosamente todos os que chegam, mas também representa um testemunho vivo de como o encontro com um propósito pode transformar vidas.
Numa conversa franca, a jovem nos leva paa uma jornada desde seus primeiros passos na instituição até suas visões para o futuro, revelando, além da importância do Pro Criança em sua própria trajetória, a profundidade de seu compromisso com o bem-estar daqueles aos quais serve.
Como foi a sua jornada até chegar no Pro Criança Cardíaca?
Fez um ano dia 16 de janeiro que entrei para o Pro Criança, antes eu tive dois empregos. Eu comecei como jovem aprendiz numa rede de fast food, depois fui para uma loja em shopping, mas aí eu não me dei muito bem, achei muito puxado e não conseguia conciliar com estudos. Minha prima trabalhava no Pro Criança, mas precisou mudar de Estado e me indicou. Eu fiz a entrevista, acho que o processo levou mais ou menos uma semana, e fui aprovada. Eu estava bem nervosa por ser um desafio novo, ter que mexer em computador, em Excel, planilha, que eu não conhecia. Quando eu iniciei, a Mônica, a minha parceira de recepção, me ajudou. Aí eu fui aprendendo e aprimorando.
Quais são as suas motivações? Como você equilibra suas responsabilidades profissionais com o cuidado e apoio às crianças e suas famílias?
Depois que eu acabei meu Ensino Médio, tinha uma meta que era começar uma faculdade particular porque eu não passei no vestibular para pública, então eu decidi que eu ia trabalhar para pagar minha formação.
Depois que eu comecei no Pro Criança, eu passei a ter uma rotina mais estável e a colocar em prática a minha meta. Procurei uma faculdade que fosse perto do trabalho para conciliar os horários e me matriculei. Meu trabalho acabou tendo grande influência na minha escolha por
Psicologia. E o Pro Criança acabou se tornando uma oportunidade ainda maior por me colocar mais perto do meu desejo de trabalhar com crianças e adolescentes.
Qual a importância que você sente o Pro Criança ter na sua vida?
Uma grande oportunidade e que bateu muito bem com o momento da minha vida. Falo que é o melhor emprego que eu já tive porque também consigo conciliar com a minha vida acadêmica, e ainda tem essa questão de estar mais perto do meu propósito. Estou no terceiro período, gostando e me identificando demais. A cada aula eu tenho mais certeza ainda do que eu quero, de que escolhi a profissão certa e a área que desejo atuar. Assisti a uma palestra com uma psicanalista infantil e ela contou um pouco da vida dela, como ela trabalha, a rotina dela no CTI, na clínica… eu fui me emocionando, ficando toda arrepiada e me imaginando nesse meio.
No Pro Criança é fundamental eu ter empatia, pois acabo sendo a porta de entrada de muitas pessoas que passam por situações delicadas, mas que na instituição encontra uma esperança de vida. Cada pecinha é fundamental para conseguir levar para essas famílias um acolhimento importante.
E eu acabo aprendendo muito com cada abraço e cada história. Sempre me pergunto antes, como que eu devo chegar ali? Tenho que ter um cuidado diferenciado com cada um, pois cada pessoa em tratamento tem a sua particularidade, né?
Conte um momento marcante ou emocionante que você tenha vivenciado ao lidar com as crianças e suas famílias.
Cada momento é muito marcante. Pode parecer uma coisa meio boba, mas para mim tem uma grande importância e eu amo quando as crianças me chamam de tia. Eu amo esse carinho, de correr para abraçar porque antes eu só me imaginava sendo tia quando o meu irmão me desse um sobrinho. Eu acho muito fofo, eu acho muito marcante, cada dia que eu escuto um tia é uma forma de ver que as crianças me reconhecem. Elas já se lembram de mim. Outro dia, uma mãe falou que seu filho que está em tratamento no Pro, viu uma moça na rua e falou: “parece com a tia Lorena”. Ele lembrou de mim fora da Organização e em um momento aleatório da vida dele. Isso acaba me motivando mais.
Conte um pouco da sua vida pessoal e o que você gosta de fazer nas suas horas de lazer?
Eu moro com a minha mãe, meu pai, meu irmão e com a minha irmã cachorrinha, a Maia. Não somos aquela família que faz muitas coisas no final de semana, mas a gente é muito unido, sabe? Temos nossos problemas, as nossas desavenças, mas que a gente sabe que pode contar com o outro. Quando eu preciso de alguém para chorar, corro para minha mãe. Posso perguntar a opinião para várias pessoas, mas eu sempre pergunto para minha mãe, porque
eu sempre vou levar mais em consideração os conselhos dela. A minha relação com meu irmão é bem tipo de irmão mesmo, de brigar, de implicar, mas eu o amo muito ele, eu sei que ele me ama
Em datas comemorativas, como Dia das Mães, vamos todos para casa da minha avó, ou juntamos todos em algum aniversário para um churrasco na casa da minha tia. Gostamos também de assistir filmes em família com todos juntos no sofá.
Quais são seus sonhos? Pode revelar alguns?
De ser Psicóloga, formar minha família eh de casal. Eu tenho um sonho de casar na praia, eu falo que todos os meus convidados vão ficar descalços na areia casando lá e eu vou entrar com a música “Can i have this dance”- High School Musical.
Fale um pouco sobre o que você considera ser importante na sua função e como você acredita contribuir para o bem-estar das crianças e das famílias?
Eu sou a porta de entrada, né? Então, às vezes, o pai e a mãe chegam muito tristes, preocupados. Quando é paciente pela primeira vez para descobrir um diagnóstico, eles ficam muito apreensivos. Eu e a Monica procuramos fazer o momento de espera mais tranquilo, conversamos, procuramos passar um pouco de alegria, auxiliamos o Pedagogo Pedro em algumas dinâmicas. Tiramos fotos, pois as crianças ficam doidas com foto, adoram. Aproveitamos esse momento inicial para também conhecermos um pouco mais sobre os pais.
Também temos um importante papel de apresentar o projeto, falar o que os pacientes e familiares têm direito, como funciona as outras especialidades ofertadas, como será a jornada deles conosco. Eu gosto muito de ajudar com alguma coisa, e eu amo tirar foto como hobby, não só no Projeto. Nas minhas caminhadas até o trabalho eu tenho o costume de tirar fotos, pois amo o ambiente do bairro Botafogo por ser arborizado, ter a uma visão do Cristo Redentor, tem a Casa Firjan. Eu amo tirar fotos. Hoje, por exemplo, eu tirei de um coração que se formou com duas mãos se abraçando de um muro na São Clemente que eu achei muito interessante.
Além de fotografias, o que mais gosta de fazer no seu tempo livre?
Sair com os meus amigos ou ficar em casa mesmo na resenha com eles, assistindo filmes, cantando no karaokê e dançando.Tudo com música eu adoro, desde as antigas até o funk, só não me agrada o estilo rock muito pesado. Também gosto de ir à praia e fazer trilhas.
Como você vê o futuro do Pro Criança e o seu papel dentro da Organização?
Um crescimento cada vez maior e uma união de todos os funcionários. Eu acredito que a gente vai continuar trabalhando para isso. E eu me vejo muito saindo da recepção e indo para o atendimento como Psicóloga. É o que eu mais desejo.
Deixe uma mensagem final para os leitores do Pessoas do Coração?
Adorei participar. Para mim, o Pro Criança Cardíaca é uma oportunidade. É um lugar acolhedor, não só para mim, mas também dos pais, para as crianças. É uma escola, um ambiente que eu gosto de estar pelas pessoas, pelas crianças, pelos parceiros de trabalho e pela estrutura que eu acho a coisa mais fofa. A doutora Rosa foi uma pessoa que começou com esse projeto, e eu admiro muito essa iniciativa dela. Eu acho que a gente tem muito a aprender com esse projeto. E, como ela mesmo fala, a gente precisa se unir, né? Sem o outro a gente não é nada. A gente precisa ter essa união, essa parceria, com cada um que trabalha ao nosso lado, com os doadores, com as crianças e as famílias.