A Comunicação Interatrial é um tipo de cardiopatia congênita e entre as doenças decorrentes de anormalidades na estrutura do coração, desenvolvidas durante a fase embrionária, é uma das mais frequentes. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention norte-americano, um em cada 800 nascidos vivos possui CIA.

Para compreender o problema é importante entender como é o funcionamento normal do coração e de suas quatro cavidades – os dois átrios e os dois ventrículos. Embora batam juntos, os lados direto e esquerdo do coração não se comunicam. O átrio direito só se comunica com o ventrículo direito e o átrio esquerdo, só com o ventrículo esquerdo.

Na Comunicação Interatrial, os dois átrios se comunicam. Com isso, o lado direito do coração (responsável por receber o sangue do corpo e mandá-lo para ser oxigenado no pulmão) acaba recebendo também o sangue já oxigenado que vem do lado esquerdo. Como consequência, as cavidades do lado direito vão aumentando.
Com frequência, a pessoa com Comunicação Interatrial vive anos sem sentir qualquer sintoma. Na infância ou adolescência, pode até perceber que não tem um desempenho ótimo numa prática esportiva mais intensa, por exemplo, mas nada que chame a atenção. Dependendo do tamanho da CIA pode haver sintomas como cansaço aos pequenos e médios esforços.

A CIA é a doença cardíaca congênita mais comum no adulto. O diagnóstico é feito quando o paciente vai procurar o médico por conta dos sintomas ou pode ser diagnosticada, por acaso, quando vai fazer um check up, por exemplo, para a prática de atividades físicas.

Como a maior parte das cardiopatias congênitas, a Comunicação Interatrial não tem uma causa definida. É uma anormalidade que ocorre esporadicamente durante a formação do embrião.

O diagnóstico é feito através do ecocardiograma que demonstra o defeito intracardíaco.

O tratamento é “fechar” a comunicação entre os dois átrios, ocluindo o orifício que permite que os sangues dos dois lados do coração se misturem, sobrecarregando um dos lados.

Há alguns anos, o tratamento era cirúrgico, abrindo-se o peito do paciente para corrigir a comunicação entre os átrios. Atualmente, a maior parte dos casos pode ser tratada via cateterismo cardíaco.

O médico hemodinamicista introduz um cateter, guiado por imagem, até o coração e chega ao orifício onde colocará uma pequena prótese para vedar a comunicação entre os átrios.

Acesse o vídeo ilustrativo: https://youtu.be/inE9kB_eJ7I

Dra. Isabela Rangel
Diretora Médica da Pro Criança Cardíaca