Live do Pro Criança com plataforma que “junta gente boa” celebra o encerramento do Mês do Voluntariado

Nos moldes do projeto paulistano Flor Gentil, a aposentada Carmen, sua filha Ana Cristina, a sobrinha Letícia e duas amigas Myrian e Lídia iniciaram as atividades do Flor Generosa no Rio de Janeiro, em 2015. A princípio tudo era custeado por elas: taxi e todos os materiais utilizados. Em janeiro de 2016, através da plataforma Atados, conseguiram voluntários que ajudam o Flor Generosa a ser o que é: atualmente são mais de 180 pessoas comprometidas com o projeto de recolher flores usadas em festas para a confecção de buquês que são ofertados a idosos em instituições de longa permanência.

A história do Flor Generosa é apenas uma entre tantas acalentadas pelo Atados em seus nove anos de existência. Hoje, a plataforma que conecta pessoas e oportunidades de voluntariado tem um banco de dados com mais de 190.000 pessoas interessadas em doar seu tempo e habilidades para mais de 3.000 organizações não governamentais e projetos sociais de pessoas físicas. Com números que reforçam a esperança na humanidade, o Atados foi convidado pelo Pro Criança Cardíaca para o bate-papo da 12ª edição do Ciclo de Humanização, no dia 30 de agosto. A live foi gravada e está disponível no perfil @procriancacardiaca no Instagram. O encontro celebrou agosto, o mês do voluntariado.

“É preciso olhar para o voluntariado como algo importante e profissional dentro de uma organização“
O Atados foi lançado em 2012, por iniciativa de quatro jovens estudantes de Administração que queriam conectar pessoas a projetos sociais usando a tecnologia, contou a cientista social e gerente de projetos da plataforma no Rio, Rosa Diaz, que conversou na live com a diretora executiva do Pro Criança Cardíaca, Mitzy Cremona. Na época, todos na faixa dos 20 e poucos anos, André Cervi, Daniel Assunção, Luis Madaleno e Bruno Sepultri foram a campo saber se realmente havia interesse das ONGs e demanda por voluntários. Todos se animaram com o projeto e estava dada a largada para “mobilizar pessoas e gerar transformações positivas na sociedade”.

“A gente entende que, muitas vezes, as pessoas procuram as organizações sem saber o que querem fazer, até porque as possibilidades de atuação no terceiro setor são bastante variadas; por sua vez, as organizações não sabem como receber aquele voluntário. Isso impacta no comprometimento da pessoa que quer colaborar, por isso também apoiamos as ONGs na capacitação e planejamento para receber os voluntários. Não adianta chamar voluntários e não ter acompanhamento, meta… Tem todo um processo de gestão de pessoas envolvido”, destaca Rosa. “Ajudamos a criar a vaga, elaborar as funções, os direitos e deveres, a assinatura do termo do voluntariado… É preciso olhar para o voluntariado como algo importante e profissional dentro da organização”.

Quanto ao compromisso do voluntário, Rosa acredita que é uma questão de maturidade de cada pessoa. “É fácil querer ser voluntário, mas é algo que dá trabalho tanto para a ONG como para o voluntário, que precisa entender que a organização também depende do trabalho dele. O voluntariado é uma cultura muito recente, seu formato era muito ligado à igreja nos anos de maior repressão no país, algo bastante assistencialista. Com a retomada da democracia as organizações começam a mudar e o voluntariado foi de transformando também”, diz.

E como ficou o voluntariado no contexto de pandemia? Rosa explica que o Atados conta com uma equipe que vai pessoalmente às organizações para explicar, fazer um evento de lançamento do projeto de voluntariado, entender as necessidades. Esta parte do trabalho foi suspensa. Além disso, o perfil das vagas mudou radicalmente: se, antes da pandemia, de quatro vagas três eram presenciais, de 2020 para cá, a cada quatro vagas, três são à distância. E mais pessoas, de outros estados, puderam chegar a mais organizações.

É preciso ter CNPJ para ter voluntários?
“Há pessoas que começam com projetos sociais sozinhas, e precisam de voluntários justamente para crescer. Se restringíssemos o cadastro apenas para organizações com CNPJ estaríamos deixando de fazer pontes para muitas iniciativas. Por isso, o Atados recebe cadastros tanto de pessoas físicas que tenham uma ideia, como de coletivos, de organizações recém-criadas até aquelas já estruturadas. Quando pudermos voltar a nos encontrar, com a equipe e a população brasileira toda vacinada, retomaremos as idas aos projetos”, afirma.

O Atados também trabalha com voluntariado corporativo, ou seja, presta consultoria para empresas que queiram montar seu programa de voluntariado, e cria as soluções de tecnologia necessárias para isso. “Antes, contávamos com doações, hoje nós nos mantemos com o corporativo”, conta a gerente.

E vem aí: Prêmio do Voluntário Transformador
Rosa aproveita e traz uma novidade em primeira mão durante a live: o Atados lança na próxima semana o Prêmio do Voluntário Transformador, em parceria com a Minas Voluntários. O objetivo é valorizar e reconhecer organizações que tenham projetos de voluntariado e, claro, os próprios voluntários. A premiação será em dezembro.

“Quem pratica sai transformado e quer ir mais longe, traz mais gente,
é quase um ‘seguidor da palavra’”, diz Rosa, rindo.