Animais, árvores, crianças, amigos leais, gente de verdade. A conversa com Adriana Vaccari, Gerente de Comunicação e Marketing do Pro Criança Cardíaca, é cheia de calor humano e respeito por si mesma e pelos outros. Sensível, alegre, agitada, ela diz que sempre foi assim, desde bem pequena, quando ia brincar nos jardins da Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, praticamente o quintal da casa dos seus pais. “Quando passo em frente à Casa, que se manteve igual por todos esses anos, ainda me vejo pulando naquelas pedras do jardim, brincando naquele laguinho que para mim era enorme naquela época”, conta. “Fui uma criança muito tranquila, risonha, brincalhona e de muitos amigos”.

Além dos amigos, Adriana tinha (e tem) as irmãs – Lilian e Mirian -, um trio sempre unido assim como toda família, que é paulistana e continua na terra da garoa. Apenas seus pais vieram para o Rio quando ela tinha apenas três anos. “Meu pai, publicitário, veio transferido para trabalhar na TV Tupi, que ficava naquele prédio lindo na Urca, à beira mar. Tenho lembranças maravilhosa de ir visitá-lo no trabalho. Depois ele foi para a Rede Globo, trabalhou em rádios, na TV Manchete…”.

A verve que fez Adriana trocar a Faculdade de Medicina pela de Comunicação morava no pai (René, já falecido há seis anos) e também na mãe, nos tios…Quase toda a família tem formação na área. “Desde criança, bem novinha, eu quis ser pediatra, eu me via como Dra. Adriana, brincava de escrever meu nome assim nos cadernos. Tão interessante…porque hoje eu trabalho, de alguma maneira, no cuidado com a criança”. Ela conta que passou no vestibular de Medicina, mas para o segundo semestre do ano. O que fazer nesses seis meses? “Minha irmã, Lilian, já cursava Comunicação. Aí prestei novo vestibular com a ideia de que, se não gostasse, eu teria o curso de Medicina me esperando. Mas me encantei pela Comunicação e fiquei”.

Adriana foi tia pela primeira vez de uma menina, Natália, e a família continuou sendo de mulheres até que ela e sua irmã engravidaram quase ao mesmo tempo e os primos Bruno e Luca cresceram juntos como irmãos e muito próximos, com uma amizade sólida. Bruno tem hoje 18 anos e mora com sua mãe e o gato Leo. “Sempre fui mãe de gatos, tinha quatro quando o Bruno nasceu. Eles faleceram e agora temos o Leo, que adotei já adulto, com dois anos. As pessoas não gostam de adotar bichos adultos, uma pena, porque podemos fazer diferença na vida de um bicho também. Hoje eu olho para o Leo e agradeço muito pela presença dele. Devo confessar que com bicho tenho coração mais mole do que com gente. Com a natureza em geral, aliás. Barulho de motosserra me dói profundamente. Tenho paixão pelas árvores”, pontua ela, que é espírita, assim como grande parte de sua família.

Com um currículo recheado, depois da faculdade de Comunicação, Adriana cursou Marketing, fez pós-graduação em Administração pela UFRJ e MBA em Produção Cultural na FGV, o que ampliou muito seu leque de conhecimento para atuar em eventos. Das agências de publicidade, passou a atender uma editora de livros, a Elsevier (“me desenvolvi profissionalmente bastante, lá, e fiz muitos amigos, que tenho até hoje”). Depois, encarou o universo de televisão no Grupo Bandeirantes e chegou ao Pro Criança Cardíaca há sete anos, onde é carinhosamente chamada pelos colegas de “Dri”.

“Vendia livros, depois audiência, hoje meu propósito é ajudar a salvar vidas, todo meu esforço é para que mais crianças tenham a chance de viver mais”, completa.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a Dri?

1 – Qual seu filme favorito?

“A vida é bela”. O Guido, personagem principal, tinha ali o fim da sua vida e do seu filho, que era apenas uma criança, os dois enviados para um campo de concentração nazista. Mas ele não se entregou, conseguiu criar momentos de alegria, de ternura. É um grande exemplo do que a gente pode fazer no dia a dia. Dificuldades todos temos, a diferença é o que fazemos com elas, a forma como a gente encara. Podemos tornar o problema mais leve ou mais pesado. Acho que se sempre nos perguntarmos “O que eu tenho que aprender com isso?” ajuda muito a aceitar e lidar com as adversidades.

2 – Que comida faz você suspirar?
Um açaí bem refrescante com granola, banana e morango. Quando termino minhas tarefas, em casa, preparo meu açaí, sento no sofá e literalmente suspiro. Como açaí quase todos os dias.

3 – No seu tempo livre você gosta de….
Tenho pouco tempo livre, mas sempre que posso vou correr na Lagoa Rodrigo de Freitas. Volto outra de lá. Movimentar o corpo num lugar que posso ter contato com a natureza é muito bom. Tem uma árvore que escolhi para abraçar, então eu dou uma paradinha, vou até ela, abraço e volto a correr, é um ritual que gosto. Também já fiz vários cursos de autoconhecimento, como o de Reiki, de Cabala, que eu amo… Atualmente estudo constelação familiar, estou lendo o livro “Constelação Familiar – Um guia para o amor”, da Celma Villa Verde. Não quero só carregar diplomas, quero crescer em autoconhecimento, o que é essencial também para ser uma profissional melhor.

4 – Que pessoa você admira muito?
Minha mãe, Marisa, a mais generosa, carinhosa e melhor amiga. Com ela aprendi o valor de se doar verdadeiramente ao próximo. Ela sempre esteve atenta ao outro, foi uma escola para mim.

5 – Que sonho já virou realidade?
Ser mãe. Desde muito nova, esse era meu maior desejo. Quando o Bruno nasceu, o sonho se tornou realidade.

6 – Qual sonho quer realizar?
Quero fundar um espaço para acolhimento de animais abandonados que também gere inclusão para pessoas extremamente capazes, mas que, mesmo assim, seguem sem oportunidade de trabalho. Conheço muita gente nessa situação, amigos, inclusive, e tantos outros que cruzam meu caminho. E quer coisa melhor do que ter como profissão o cuidado com os animais?

7 – O que você mais gosta em você?
Minha determinação. Tenho foco, sou fiel às coisas nas quais acredito.

8 – Que frase inspira sua vida?
Num dos cursos sobre cabala que eu fiz, escutei uma frase que me marcou muito e me acompanha: “Até isso é o melhor que poderia acontecer na sua vida neste momento”. Isso reforçou em mim a crença de que nada é por acaso. Mesmo assim, é um exercício aceitar certas situações, acreditar que tudo que acontece é por uma razão maior, para o amadurecimento. Sempre vai ser algo com o que vou aprender, para me tornar uma pessoa melhor.

9 – Ajudar os outros é…
Ser um instrumento para fazer a real diferença na vida de alguém. Como fazer a diferença? O que é ajudar? Existem várias formas, às vezes dar um telefonema num domingo de manhã para um amigo que não tem pai e mãe, que está sozinho, é a melhor ajuda que podemos dar. Ele não precisa da cesta básica, do pão, ele precisa da troca com o outro. Às vezes é ajuda financeira, sim, claro. Precisamos enxergar o outro para saber qual ajuda a pessoa mais precisa. Não existe um momento ideal na vida para ajudar o outro. Se ficarmos esperando “o dia que eu tiver mais tempo, o dia que eu tiver mais dinheiro…”, pode ser que nunca chegue.

10 – Trabalhar no Pro Criança é…
É cumprir meu propósito de vida, conciliando minha formação profissional com uma grande ação social. É desenvolver minha sensibilidade a cada dia, aproveitar a oportunidade de um trabalho que demanda ser verdadeiramente cada vez mais humana.