A DOENÇA ACOMETE TANTO ADULTOS COMO CRIANÇAS NO BRASIL, QUE É O SEGUNDO PAÍS EM NÚMERO DE CASOS NO PLANETA

A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença ainda cercada de preconceitos devido a uma época em que o tratamento não era eficaz. Por isso, até hoje é muito importante nos informarmos corretamente e ajudar no esclarecimento de outras pessoas.

Por exemplo, você sabia que se procurarmos atendimento médico nos primeiros sintomas, e tomarmos o antibiótico indicado podemos nos curar?

Do contrário, se deixarmos a doença evoluir o tratamento vai conseguir apenas estacionar os sintomas e interromper o contágio, mas os danos causados em alguns nervos do corpo podem ficar como sequelas para sempre, causando deformidades e incapacidades físicas

“A primeira lição que tiramos é que o diagnóstico precoce é essencial”, reforça a dermatologista voluntária do Pro Criança Cardíaca, Dra. Cláudia Milward (na foto, à esquerda, com a diretora médica do projeto, Dra. Isabela Rangel).

Vamos à transmissão e aos sintomas:

Transmissão
A hanseníase é transmitida pela bactéria Mycobacterium leprae por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa que tem maior probabilidade de adoecer com um doente com hanseníase sem tratamento. Normalmente, a fonte da doença é um parente próximo que não sabe que está doente, como avós, pais, irmãos, cônjuges, etc. A transmissão se dá pelas vias respiratórias (pelo ar) e não pelos objetos utilizados pelo paciente, e também não tem relação com higiene. Geralmente em ambientes pouco ventilados e aglomerados, a pessoa tem mais risco de pegar.

Maior incidência: população com menos recursos
Segundo a Dra. Sandra Durães, dermatologista, professora da Universidade Federal Fluminense e especialista em hanseníase, em entrevista à Agência Brasil, embora a doença possa afetar pessoas de todos os níveis econômicos, a maior incidência acontece nas populações vulneráveis, por isso o Brasil é o segundo país do mundo em número de casos. Embora estejamos entre as maiores potências econômicas, ainda temos grandes desigualdades e muitos bolsões de pobreza.

Sintomas

Após ter contato com a bactéria, a pessoa só vai ficar doente cerca de sete a oito anos depois. A hanseníase se manifesta na pele pelo aparecimento de manchas brancas ou vermelhas e de lesões vermelhas altas denominadas placas ou infiltrações. Essas lesões se caracterizam por perda da sensibilidade, porque a bactéria tem uma afinidade grande pelos nervos periféricos. “Além de perder a sensibilidade no local das lesões, é possível apresentar sensação de nariz entupido, ardência nos olhos e ter dormência nas mãos e pés”, explica Dra. Sandra.

Tratamento
Ela assegura que a partir do momento em que a pessoa inicia o tratamento, tomando a primeira dose do antibiótico, praticamente deixa de contagiar os outros. “Não precisa separar talher, mudar de casa. Pode namorar, não tem problema nenhum. As pessoas fazem o tratamento em casa, vão ao ambulatório uma vez por mês tomar medicamento e tomam outros remédios em casa”. O tratamento é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o território nacional.


Prevenção
e controle da doença
É importante também que as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente sejam examinadas para ver se apresentam alguma lesão que não foi ainda percebida. Se têm lesão, vão ser tratados; sem lesão, recebem a vacina BCG, assim como aqueles que convivem com elas no mesmo domicílio. A vacina não impede que a pessoa tenha tuberculose ou hanseníase, mas dificilmente terá formas graves das duas doenças.