Um jovem curioso, humano, grato, consciente e com vontade de melhorar a cada dia como pessoa e profissional. Em pouco tempo de conversa com Mateus Pereira Gomes, do Departamento de Comunicação do Pro Criança Cardíaca, é possível identificar qualidades e valores que, segundo ele, desde cedo foram estimulados por seus pais, nordestinos que saíram de Boqueirão, na Paraíba, e vieram ganhar a vida no Rio de Janeiro, fazendo de tudo para criar e educar o filho único.

A mãe, Maria, veio de uma família de pecuaristas e construiu sua vida no Rio como empregada doméstica e, mesmo com emprego fixo, sempre pegava extras, faxinas para fazer, roupas para passar… O pai, José, nasceu num lar de agricultores e, na capital fluminense, também trabalhou em atividades diversas, desde pedreiro até em buffets.

“Meus pais me proporcionaram uma infância muito tranquila no bairro de Vila Isabel, primeira casa onde morei, cedida para nós porque meu pai trabalhava como caseiro. Cresci indo ao Maracanã e aprendi com meu pai a torcer pelo Fluminense, hoje meu time do coração”, lembra Mateus, que mora com os pais até hoje, aos 25 anos, no bairro Riachuelo. “Faço parte dessa geração que demora a sair de casa”, diz, rindo.

Mateus também faz parte de um grupo privilegiado de adolescentes que estudou no Colégio Estadual José Leite Lopes, escola no Rio de Janeiro do Núcleo Avançado em Educação (NAVE), programa de educação do Oi Futuro.

“Nunca frequentei colégio particular, sempre vivi a realidade da educação brasileira. Quando cheguei ao Nave, colégio público com patrocínio da iniciativa privada, foi uma mudança da água para o vinho. Um mundo completamente diferente se abriu em estrutura tecnológica, qualidade de ensino, contato com alunos da rede privada. Foram três anos em que pude aprender sobre multimídia, inclusive programação de computadores, narrativas digitais… Cheguei na faculdade com a essa bagagem. Sou muito grato por isso. Foi quando despertei para a importância de iniciativas de cunho social na sociedade”, conta Mateus.

Depois do período no Nave, aos 17 anos Mateus se ofereceu para trabalhar com o pai no buffet e foi copeiro, garçom, barman, até entrar para a faculdade, depois de passar no Enem. Cursou quatro anos de Comunicação Social na Universidade Veiga de Almeida. “Mesmo optando pela habilitação em Jornalismo, sabia que o mercado já estava muito híbrido, que meu lugar não seria nas redações dos veículos de imprensa. Minha cabeça já estava treinada para o trabalho em agências de publicidade e de serviços diversos em comunicação para o mundo corporativo”.

Antes de se formar, num estágio na Assessora de Imprensa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais uma experiência para reforçar seu desejo de ser um profissional de comunicação com múltiplas habilidades. “Tinha coletiva para a imprensa quase todo dia, construção de pautas a partir das pesquisas feitas pelo Instituto o tempo todo. A gente ajudava na apuração dos assuntos, fotografava, fazia podcasts, gravava entrevistas, eu gostava de estar cada dia em uma função.

Depois de formado, Mateus trabalhou numa agência de publicidade, depois passou alguns meses em home office, como free lancer, até que “bateu necessidade da rotina de trabalhar fora. Não sou tão disciplinado assim dentro de casa e comecei a procurar oportunidades”. Apareceram duas, entre elas a do Pro Criança. Segundo ele, os dois locais eram excelentes, com salários semelhantes, mas no Pro ele teria a oportunidade de atuar em várias frentes, de aprender muito e, claro, contribuir com o trabalho social da instituição.

No dia 9 de março, Mateus completa dois anos no projeto. “Fui contratado e a pandemia começou logo em seguida. Vi histórias fortes e, por trabalhar na comunicação, posso ajudar a contá-las. Minha visão de mundo ficou muito mais ampla, fiquei mais maduro, mais consciente da realidade social. O Pro Criança ajuda a salvar a vida de um filho, e se esse filho é tudo para uma mãe, para uma família, a instituição também salva uma família”, diz.

Vamos conhecer um pouco mais sobre o nosso entrevistado?

Qual seu filme favorito?
“A vida é bela” me marcou. É genial a forma como contam um drama tão pesado, num contexto histórico traumático para a humanidade, de forma tão lúdica. A atuação do protagonista (o italiano Roberto Benigni, que também é o diretor do filme) é maravilhosa.

Que comida faz você suspirar?
Arroz, feijão, bife e batata frita. Para mim, é um prato super gourmet.

No seu tempo livre você gosta de….
Gosto de aprender coisas novas e sou caseiro, tranquilo. Adoro o YouTube, inclusive meu TCC da graduação (Trabalho de Conclusão de Curso) foi sobre jornalismo no YouTube. Mês passado estava assistindo a vídeos de mountain bike, por exemplo. Nunca andei, mas gosto de conhecer. Às vezes, curto ver gastronomia.

Que pessoa você admira muito?
Meus pais são meus heróis, conheço bem as virtudes deles, carrego os valores que eles me ensinaram.

Que sonho seu já virou realidade?
Sou muito grato pelo caminho que trilhei até hoje, tenho uma família maravilhosa, uma namorada maravilhosa, a Jeniffer, com quem estou há três anos, convivo com pessoas incríveis, fiz uma faculdade… O que eu poderia conquistar até agora já conquistei e sou muito feliz

Qual sonho quer realizar?
Tenho muita gratidão pelos meus pais, que se sacrificaram muito por mim. Já estou conseguindo ajudá-los um pouco hoje e quero, no futuro, dar a eles tudo o que me proporcionaram na vida. É um dever meu. É o único sonho que não vai mudar.

O que você mais gosta em você?
Sou muito tranquilo. Muito calmo. Tenho perfil mediador. Tem que forçar muito a barra para brigar comigo. Também tenho espírito de justiça social. Gosto do que eu penso, acho que sou coerente.

Que frase inspira sua vida?
Não sou religioso, mas admiro uma frase de Jesus Cristo, um filósofo incrível que disse “Ame ao teu próximo como a ti mesmo”. Eu sigo tentando seguir esse ensinamento, apesar de parecer quase impossível, uma utopia. O ser humano é muito egoísta, é um exercício pensar no outro, ter empatia.

Ajudar os outros é…
Todo mundo é ajudado na vida. Ajudar é uma forma de agradecer, de exercer a gratidão. Vejo quase como um dever, é nossa responsabilidade. Em nosso país, colocamos muita culpa no governo e não nos vemos como parte do problema. Mas nós elegemos as pessoas e também podemos/temos que fazer a nossa parte.

Trabalhar no Pro Criança…
É uma oportunidade de melhorar como pessoa e de contribuir para a sociedade.