Qual é a responsabilidade social de agora em diante?

O Pro Criança Cardíaca recebeu em março, para o Ciclo de Humanização do Projeto, a especialista em ESG Juliana Kaiser, professora de Diversidade e de Negócios na UFRJ e PUC-Rio. Com o tema “Responsabilidade Social no Brasil – Desafios no país pós-pandemia”, Juliana uniu a questão de gênero, também em virtude do Mês da Mulher, com a de raça e classe social, seus objetos de estudo, mostrando, através de indicadores numéricos, como mulheres pretas pobres foram as mais (e ainda mais) afetadas no Brasil nos últimos dois anos.

A sobrecarga desse grupo, a complexidade do cuidado com as crianças e adolescentes fora da escola e a vulnerabilidade social foi analisada e os indicadores cruzados com o público atendido pelo Pro Criança Cardíaca, assim como a responsabilidade social diante dele. Além da sobrecarga das tarefas domésticas, a mulher precisou, muitas vezes, abrir mão dos seus pequenos trabalhos por causa dos filhos.

O que significa em termos de atraso no desenvolvimento do país a taxa de analfabetismo nesse período? E, principalmente, perguntou Juliana Kaiser, quais são as ferramentas possíveis para combater essa realidade? “Como as empresas e a sociedade civil devem se mobilizar neste sentido, uma vez que o Estado se ausentou na promoção de políticas públicas quanto ao acesso à educação?”. A palestrante chamou atenção para a dificuldade desse grupo, por exemplo, assistir as aulas on-line quando os colégios se organizaram para tal, pela falta de dados de internet e aparelhos de celular disponíveis em tempo real.

– Dados sobre violência doméstica por conta do confinamento também trazem a diferença entre mulheres de classe média e as empobrecidas, que, no Brasil, está diretamente ligada ainda à cor. Estar confinado em apartamento de 100m2 é diferente de estar confinado num ambiente de 15m2 com mais filhos e menos privilégios, analisou entre os pontos da conversa.

Segundo Juliana, a pandemia amplia, portanto, a desigualdade e deixa as mulheres na tempestade e com embarcações totalmente diferentes. A palestra teve como maior objetivo levantar a pergunta: o que fazer daqui por diante?

A exposição da especialista, na íntegra, com os indicadores numéricos, pode ser acessada aqui!