O Dia Nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita, celebrado em 12 de junho, é uma oportunidade para ampliar o debate público sobre a importância da atenção integral à saúde infantil, promover informação de qualidade e estimular o engajamento da sociedade civil e dos profissionais de saúde.
A cardiopatia congênita é a malformação mais comum entre todas as anomalias congênitas registradas ao nascimento. Estima-se, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que cerca de 130 milhões de crianças em todo o mundo vivam com algum tipo de cardiopatia congênita. A American Heart Association aponta que essa condição afeta cerca de 1 em cada 100 nascidos vivos, o que representa aproximadamente 1,35 milhão de novos casos por ano no mundo.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a incidência é de 10 casos a cada mil nascidos vivos, o que equivale a cerca de 29 mil crianças por ano com alguma alteração na estrutura ou no funcionamento do coração. Dessas, aproximadamente 80% precisam de intervenção médica ou cirúrgica ainda nos primeiros anos de vida. A gravidade da condição pode ser tamanha que, nas formas mais severas, a cardiopatia congênita responde por 30% dos óbitos no período neonatal, e cerca de 6% das crianças afetadas morrem antes de completar um ano de vida.
Apesar de altamente prevalente, a cardiopatia congênita ainda é pouco compreendida pela população em geral. Trata-se de uma alteração que ocorre nas primeiras semanas de gestação, durante o desenvolvimento embrionário. São anomalias na estrutura e/ou na função cardiocirculatória do coração, cuja gravidade pode variar amplamente — de casos leves, que não apresentam sintomas imediatos, até quadros mais severos, com risco iminente à vida.
Não existe uma causa única para o surgimento das cardiopatias congênitas. Elas resultam da interação de fatores genéticos e ambientais. Algumas condições maternas, como infecções durante a gestação (como rubéola), diabetes não controlada, uso de substâncias químicas ou medicamentos teratogênicos e gravidez em idade avançada (acima dos 35 anos), aumentam
o risco. Alterações genéticas, como a Síndrome de Down, também estão frequentemente associadas.
O diagnóstico precoce, aliado aos avanços das técnicas cirúrgicas e da hemodinâmica, tem possibilitado maior sobrevida e melhor qualidade de vida para os pacientes. Isso reforça a importância da triagem neonatal e da realização de exames clínicos e complementares desde a gestação, como o ecocardiograma fetal. O Teste do Coraçãozinho, um exame simples de oximetria feito em maternidades, também é essencial para triar as cardiopatias congênitas mais complexas.
Entre os principais sinais de alerta estão: cianose (coloração azulada nos lábios, mãos ou pés), sudorese intensa mesmo em repouso ou durante a amamentação, palidez ao chorar, cansaço fácil e respiração acelerada, dificuldade para ganhar peso, extremidades frias e pele pegajosa. Esses sintomas, isoladamente ou combinados, devem sempre ser investigados por um pediatra ou cardiologista pediátrico.
O reconhecimento do quadro clínico pode ser feito ainda na fase pré-natal, com exames como o ecocardiograma fetal, ou logo após o nascimento, por meio de ecocardiograma transtorácico, eletrocardiograma e outros testes específicos. A abordagem terapêutica depende do tipo e da gravidade da cardiopatia. Em muitos casos, o tratamento é cirúrgico, realizado com técnicas cada vez mais precisas e seguras. Em outros, pode envolver uso de medicamentos, mudanças no estilo de vida, acompanhamento multidisciplinar e intervenções clínicas ao longo da vida.
A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, muitas crianças com cardiopatia congênita podem ter uma vida saudável e ativa.
O papel do Pro Criança Cardíaca
Diante desse cenário desafiador, instituições como o Pro Criança Cardíaca são fundamentais para garantir o acesso ao cuidado especializado e gratuito. Fundada em 1996 pela cardiologista Dra. Rosa Celia, a instituição é hoje uma referência nacional no atendimento gratuito a crianças e adolescentes com doenças cardíacas, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social.
Com quase três décadas de atuação, a instituição já acolheu mais de 16 mil pacientes. Em 2024, registrou mais de 3.500 exames realizados, 261 novos acolhimentos e mais de 4.600 participações em atividades pedagógicas e educativas, ampliando seu impacto com um modelo de atendimento multidisciplinar, humanizado e gratuito. A equipe é formada por cerca de 30 voluntários de diversas áreas, como Direito, Odontologia, Nutrição, Psicologia, Educação e Contação de História, o que reforça a missão da instituição de cuidar da criança como um todo, para além da doença.
A atuação integrada entre sociedade, poder público e organizações do terceiro setor é essencial para que crianças com cardiopatia tenham acesso a diagnóstico, tratamento e qualidade de vida desde os primeiros momentos. O cuidado precisa começar antes mesmo do nascimento — com pré-natal de qualidade e orientação para gestantes — e se estender por todas as etapas do desenvolvimento da criança.
Neste 12 de junho, reforçamos nosso chamado à ação: cardiopatia congênita tem tratamento, e o diagnóstico precoce salva vidas. Compartilhe esta causa. Apoie quem cuida. Juntos, podemos fazer o coração de milhares de crianças bater mais forte.
Por Dra. Isabela Rangel – Diretora Médica do Pro Criança Cardíaca
Pro Criança Cardíaca celebra o Dia Nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita com visita especial ao Santuário Cristo Redentor
Instituição leva pacientes, equipe multidisciplinar e famílias ao Santuário para um momento
de fé, escuta e celebração da vida.
Nessa quinta-feira, 12 de junho, o Pro Criança Cardíaca participa de uma visita especial ao Santuário Cristo Redentor em comemoração ao Dia Nacional da Conscientização da Cardiopatia Congênita. A ação integra a agenda simbólica da instituição para a data, que terá início com a iluminação do monumento em vermelho, realizada pelo Santuário na véspera, como forma de alertar a sociedade para a importância do diagnóstico precoce e do cuidado com o coração das crianças.
A programação reunirá um grupo de 42 participantes para vivenciar o projeto Cristo Redentor Experience, com início no prédio-sede do Consórcio Cristo Sustentável, seguido de uma visita guiada ao Santuário Cristo Redentor e o registro de uma foto oficial aos pés do monumento. Participam da ação solidária profissionais de diversas áreas que representam o cuidado integral oferecido pelo Pro Criança: cirurgião, anestesista, cardiologista, equipe administrativa, pedagogo, assistente social, psicóloga, nutricionista, entre outros. Também estarão presentes crianças em tratamento, jovens que já receberam alta e familiares, que compartilharão suas histórias de superação. Referência nacional no atendimento gratuito e humanizado a crianças e adolescentes com doenças cardíacas, o Pro Criança se aproxima de um marco histórico: em setembro de 2026, completará 30 anos de atuação ininterrupta em prol da vida. Fundada pela cardiologista Dra. Rosa Celia, a instituição já acolheu mais de 16 mil pacientes, oferecendo cuidado integral às famílias em situação de vulnerabilidade social.
“Cada criança que acolhemos carrega consigo uma história de superação. Estar ali, aos pés do
Cristo Redentor, com elas, com nossa equipe e voluntários, é renovar a fé na medicina, na
solidariedade e no valor de cuidar com amor”, declarou Dra. Rosa Celia.
A visita é mais que um gesto simbólico: representa o compromisso do Pro Criança com a valorização da vida, a escuta ativa e a união de todos que, diariamente, se dedicam a cuidar do coração das crianças.