Uma trajetória profissional dedicada às pessoas. Na adolescência pensou em ser médica, mas analisando as possibilidades percebeu que era a ciência

psíquica, uma experiência do outro para o outro de uma forma não orgânica que mais a atraía. Corta para anos depois e apresentamos Claudia Marcia Blois, psicanalista e psicóloga que, desde 2019, quando iniciou suas contribuições no Pro Criança Cardíaca, foi “contaminada” pelo afeto coletivo.

“Fiquei encantada logo na primeira visita ao projeto. É um investimento lindo pelas crianças que me ajudou a criar um paralelo.

Além de ser um dos principais órgãos do corpo humano, o coração também simboliza o amor. E esse contato com crianças em tratamento me resgatou de um jeito incrível. Da fase de entusiasmo passei para o compromisso e desejo de continuar”, resume.

À convite da Dra. Isabela Rangel, diretora médica da instituição, Claudia passa a fazer parte do quadro fixo de colaboradores e todas as quartas-feiras está no Pro Criança colocando em prática um trabalho desenvolvido nos bastidores com muito amor e atenção no cuidado com pacientes, familiares e profissionais da ONG. A proposta é corresponder às demandas de forma individualizada, de acordo com as particularidades de cada um e construir um elo de amor e possibilidades.

“Para as crianças em tratamento proporcionamos escuta e leveza por meio de atividades artísticas, e com os pais temos o desafio de desmistificar a culpa pela condição de saúde dos filhos, reforçando um lugar de responsabilidade e de fundamental contribuição para o tratamento”, explica Claudia que há 8 anos é membro da Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio e há 2 anos desenvolve um trabalho de ciranda sobre a interlocução arte e psicanálise no instituto.

Em 2019, com o falecimento da mãe –  sua grande inspiração -, transformou a dor da ausência física no livro Aquarela de Mim, em que exemplifica a passagem freudiana em versos singelos sobre a questão do amor da mulher.

Casada com ortopedista, é mãe de dois homens, um de 26 anos formado em Administração de Empresas, e outro de 23, estudante de Medicina. Ama animais, e é também mãe de um gato e uma cadela. Claudia busca unir suas paixões e hobbies à rotina do dia a dia. O filme preferido é o ‘O Curioso Caso de Benjamin Button’ pela sensibilidade que retrata a questão do tempo na vida do ser humano e suas facetas do amor que resiste a isso. Gosta de ler – é fã do ‘Fragmentos de um Discurso Amoroso’ de Roland Barthes -, passar momentos em família e está engajada neste ano no projeto Juntas e Diversas, do Instituto de Leitura, sendo uma das participantes de um livro, sobre crônicas e contos, que reúne 30 autoras. Praticante de yoga, acredita que a atividade auxilia nos desafios diários e no domínio do corpo. “Esticar, torcer… a vida tem muito disso, e a flexibilidade deve ser valorizada”, complementa.

Os próximos sonhos? Claudia deseja seguir contribuindo de forma humanizada para o cuidado das pessoas envolvidas e beneficiadas pelo projeto Pro Criança e iniciar um mestrado sobre Arte, que considera fundamental para a sobrevivência humana. “E quando a gente quer, a gente consegue”, afirma.

Superar é ir além da capacidade,
Que renova sentimentos, que perpetua emoções…
E só é possível com amor,
Esse que permeia a pele e pulsa onde posso
Percorrer…

Um dos poemas do livro Aquarela de Mim.