Dona Creuza liga todos os dias para Flávia perguntando se a presença da filha está confirmada para o almoço do próximo domingo. Também, pudera. Uma verdadeira festa (com revezamento e todos os cuidados durante a pandemia) acontece em Rocha Miranda, na casa da matriarca, quando os oito filhos, noras e genros, oito netos e uma bisneta se reúnem.

“Fico surpresa como pode dar certo, tanta gente junto, tanto barulho”, conta Flávia Soares, que acaba de assumir o cargo de Gestora de Pessoas do Pro Criança Cardíaca. Carioca, com 45 anos completados há apenas três dias, em 3 de julho, Flávia é mãe do jovem Pedro Henrique, de 18 anos, e mora em Marechal Hermes. É formada em Administração e tem pós-graduação em Gerenciamento de Projetos.

Com uma carreira construída no Terceiro Setor, foi coordenadora administrativa do Pro Criança de 2015 até junho de 2021. “Fui vista e reconhecida pela instituição, que tem me dado a oportunidade de me desenvolver. Agora, recebi um novo desafio, por isso entrei para o MBA em Gestão de Pessoas da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), para realizar um trabalho sólido aqui”, comemora.

Vamos de ping-pong?

Qual seu filme favorito?
“Gonzaga, de pai pra filho” (Breno Silveira/2011). Choro todas as vezes que vejo, é muito tocante a busca dele pelo pai. A paternidade tem um peso muito grande na vida das pessoas e, muitas vezes, não se dá a importância que ela tem.

Que comida faz você suspirar?
Tudo que tiver camarão. Amo.

No seu tempo livre você gosta de….
Ficar em família. Tenho sete irmãos e a cada encontro é uma nova experiência.

Que pessoa você admira muito?
Minha mãe. Ela conseguiu criar oito filhos de forma que um sempre pensa no outro, não somos egoístas, não existe competição entre a gente. Ela fez entendermos que, se houver um chocolate, tem que ser dividido por oito. Minha mãe começou a trabalhar em casa de família por volta dos nove anos, sofreu muito. Acho que é por isso, que, quando teve a família dela, criou com tanta sabedoria. É uma pessoa de muito bom senso, moral e espiritualmente muito avançada. Meu pai, Odir, já faleceu e foi um exemplo de pessoa de bom caráter e homem de família.

Que sonho seu já virou realidade?
Ser mãe.

Qual sonho quer realizar?
Quero ter uma obra social, um trabalho que ajude os jovens de baixa renda a entrarem no mercado de trabalho. Os processos de recrutamento e seleção são muito cruéis com quem não aprendeu a ter autoestima. Tenho vontade de atuar nesse sentido, dando ferramentas para que o jovem saiba que pode sonhar, que tem que estudar também, claro, mas que ele precisa acreditar nele mesmo para poder conseguir seu lugar. Fico vendo meu filho com tantas oportunidades, me dói saber que tantos outros não têm os mesmos recursos.

O que você mais gosta em você?
Gosto da disponibilidade que tenho para o outro. Quando alguém precisa de algo, eu movo tudo o que posso, entro em contato com todo mundo pra conseguir ajudar.

Que frase inspira sua vida?
“Tudo passa”, uma frase usada pelo Chico Xavier.

Ajudar os outros é…
É tudo.  Não estamos aqui por acaso, estamos para servir, do contrário não faz sentido.

Trabalhar no Pro Criança é…
É vivenciar o servir. Venho trabalhar todos os dias com a certeza que o meu trabalho é importante na vida das crianças atendidas pelo Pro Criança.  Eu me sinto importante sendo um tijolinho dessa construção.